Veja as dicas de um fotógrafo experiente sobre como tirar a foto perfeita.
Todo mundo diz que uma imagem vale mais do que mil palavras. E como Misha Vladimirskiy também fala, ela pode valer milhares de streams. Como é esperado de um fotógrafo e grande fã de música, às vezes ele ouve um artista só pela foto de perfil no Spotify. E Misha não é o único.
“Faço parte desse grupo seleto de pessoas, já que sou um artista visual”, ele admite. No entanto, Misha também insiste que não tirar uma boa foto faz com que artistas percam oportunidades de ganhar fãs. “Uma imagem é muito importante no marketing e na divulgação porque ela também é algo que as pessoas compartilham e publicam nos próprios perfis. Quando sua foto é ruim, o número de compartilhamentos diminui.”
Misha começou sua carreira na divulgação e planejamento de festas, registrando as noitadas de um amigo em São Francisco. Depois, ele acabou passando para a fotografia. Ele foi um dos primeiros a fotografar a Lady Gaga, fez retratos e fotos de shows de artistas como Phoenix e Rolling Stones e participou da fundação da agência criativa FilterlessCo. Normalmente, os artistas consagrados recebem treinamento de mídia e já sabem o que fazer, mas ele costuma orientar os menos experientes durante o processo. É claro que Misha dá suas próprias ideias, mas ele diz que é sempre melhor quando o músico e o fotógrafo trabalham juntos.
“São os artistas que precisam dizer o que querem. E acho que, como artista, é muito importante confiar no próprio taco”, ele conta. “Felizmente, muitas bandas já chegam com uma visão. Às vezes, ela está um pouco distorcida e é preciso fazer alguns ajustes.”
Two Gallants
Misha admite que “todo mundo é fotógrafo” agora, graças à proliferação das câmeras digitais. Mas ele acha que isso não diminui a importância de se contratar um fotógrafo profissional. “Dá para notar”, ele diz. “Nem sempre, mas você consegue perceber quando o artista não contrata um profissional.” Existem muitos fotógrafos novos no mercado tentando montar um portfólio e dispostos a trabalhar por um preço mais baixo. Portanto, se você acabou de assinar com uma gravadora ou vai publicar seu primeiro single, vejas as dicas de Misha sobre o que fazer e o que evitar ao contratar um fotógrafo. (E dê adeus à clássica pose na parede de tijolos.)
Tire um momento para conhecer o fotógrafo
Nenhum artista é igual, incluindo músicos e fotógrafos. Por isso, Misha recomenda que você passe um tempinho conversando com o fotógrafo para estabelecer uma conexão antes das fotos.
“Não contrate um profissional só porque ele é famoso. Escolha alguém com quem você realmente se dê bem”, diz Misha. “Quando encontrar esse profissional, converse com ele. Apreciar o trabalho de uma pessoa não garante uma boa colaboração. Talvez o estilo dela cause desconforto em você, o que pode levar a fotos ruins.”
“Mesmo que esteja com pressa, é importante tirar alguns minutos para conversar de verdade sobre a imagem e a mensagem que você quer transmitir. Uma sessão de fotos apressada às vezes acontece, mas não é ideal”, diz Misha. “É terrível fotografar alguém que só me dá cinco minutos.” Criar uma ligação com o fotógrafo não só garante fotos melhores, mas também pode abrir portas.
“Talvez o fotógrafo seja alguém que trabalhe bastante para uma revista incrível ou uma marca muito famosa,” ele conta. “Seu empresário pode nem saber disso. E, de repente, essa pessoa entra em contato porque está fotografando uma campanha para a Nike e adorou trabalhar com você. Nunca se sabe.”
Seja fiel às suas convicções
Misha já ouviu algumas histórias terríveis, como bandas que foram pressionadas a usar itens de alta-costura em sessões de fotos para revistas ou fotógrafos forçando as ideias mais mirabolantes aos clientes. Geralmente, os artistas não concordam, mas ele diz: “Em 10% das vezes, eles acabam embarcando nessas ideias. Claro que o resultado é o arrependimento depois.” Não se esqueça: você sempre pode dizer não.
E mais: não ache que você precisa tolerar comentários desrespeitosos ou atitudes desconfortáveis.
“Já vi acontecer. O fotógrafo disse algo que fez a banda ficar bem incomodada”, ele conta. “Geralmente, isso acontece quando a cliente é uma cantora e o fotógrafo, seja homem ou mulher, faz algum comentário realmente bizarro. Depois, é só ladeira abaixo.” É importante lembrar que você está pagando um profissional e não tem a obrigação de aturar comportamentos ruins. “Você precisa estar à vontade no set. Evite contratar alguém que não escute e que faça algo que você realmente não quer.”
Seja apenas você
Para sair incrível nas fotos, é muito importante mostrar quem você realmente é. Misha conta que é bom pensar no estilo e nas roupas com antecedência. Também é melhor tirar fotos que capturem sua verdadeira identidade, em vez de copiar outro artista. “Já tive que pedir para o artista ser ele mesmo porque estava realmente exagerando.”
Misha conta que é ótimo contar com a ajuda de um estilista. No entanto, assim como o fotógrafo, você precisa contratar a pessoa certa. Esse profissional é recomendado mesmo se você tem um estilo mais despojado. “É muito bom ter um estilista, mas ele precisa entender você como artista”, Misha comenta. “O estilista não pode forçar uma roupa mais moderna só porque está na moda. Isso não vai dar certo e você vai acabar ficando cafona.”
Maquiagem? Você decide
Assim como no caso do estilista, pagar um pouco mais para contratar um maquiador é uma boa decisão. No entanto, Misha reforça que os artistas não devem se sentir pressionados a passarem dos limites e adotarem um look que não tenha nada a ver com eles.
“Na verdade, depende”, ele diz. “Às vezes, é ótimo ter um maquiador, principalmente pela estética geral. O artista é quem decide se quer. Pessoalmente, não acho que é necessário usar a maquiagem perfeita e vários apetrechos só porque a pessoa é artista. A estética visual precisa estar relacionada a quem você é.”
Como sempre, os artistas não devem se sentir pressionados a fazer qualquer coisa que não pareça autêntica.
“O artista precisa ser honesto e transparente sobre ele mesmo”, Misha diz. “As mulheres costumam ser mais forçadas a usar maquiagem. E não acho que essa coisa toda de maquiagem e pele perfeita seja algo justo. Essa não pode ser a vida do artista. Se alguém adora usar maquiagem e fica muito à vontade com ela, então ótimo! Mas ela não pode ser forçada a quem não gosta.”
Não tenha medo de sonhar alto
Os artistas que estão no primeiro álbum ou que assinaram com uma pequena gravadora podem não conseguir contratar fotógrafos consagrados como David LaChapelle e Anton Corbijn. Mas vale a pena tentar. Os fotógrafos musicais também são fãs de música. Não é bom criar muitas expectativas, mas quem sabe você não dá sorte? Claro, supondo que seu trabalho seja bom.
Misha diz que “existem diversos fotógrafos bem conhecidos que trabalham com artistas novatos”. Um exemplo é Danny Clinch, grande parceiro do Pearl Jam, que já fotografou Johnny Cash e 2Pac. “Ele consegue entrar no camarim do Bruce Springsteen, por exemplo. Ou ter acesso ao palco enquanto uma banda está tocando”, ele diz. “Já o vi fotografar artistas que não teriam dinheiro para contratar alguém como Danny. Ele faz tudo isso por amor à profissão. Acho meio brega dizer, mas tenho certeza de que ele quer dar a esses artistas uma chance. Danny já tem dinheiro o bastante para fazer isso.”
Defina um conceito
Misha admite que tem suas próprias preferências pessoais e implicâncias. Por exemplo, cortar algum braço ou perna da foto é algo que o irrita bastante. No entanto, ele admite que não existem regras para tirar fotos boas. Na teoria, tudo é possível, contanto que o artista e o fotógrafo tenham uma visão clara que faça sentido.
“Por exemplo, não gosto muito de chinelos. Imagine uma sessão de fotos nas ruas de Manhattan com o artista usando chinelos? Entendo que é o estilo pessoal dele, mas o conceito não vai ficar muito bom. Agora, usar chinelos na lama é mais radical. Tudo tem a ver com o cenário e, principalmente, com a imagem.”
O que você precisa evitar de verdade
Mesmo que tudo seja possível na teoria, Misha pede que os artistas mais novatos evitem o seguinte:
1) Tirar fotos em frente a uma parede de tijolos
“Sério, é comum demais. Parece que todo mundo faz isso!”
2) Fazer caras e bocas
“Isso acontece com homens e mulheres”, ele diz. “Que tal relaxar?”
3) Ignorar o senso comum como forma de conceito
“Vejo algumas capas de álbuns dos anos 80 e até mesmo 90 e fico me perguntando como ninguém deu um toque nos artistas. Tinha gente usando fantasia de pirata, sabe?”
4) Esquecer de usar os mecanismos de busca
“Pesquise. Não contrate alguém só porque é um grande nome da indústria. E se essa pessoa tiver um histórico problemático? Isso não será bom para você. Hoje em dia, é muito importante seguir esse conselho.”
– Michael Tedder